Todos, em alguma medida, mentimos.
A exposição (íntima ou social) à mentira é um rombo na credibilidade. Irreversível no bom relacionamento dos intervenientes, na maior parte dos casos.
Há atenuantes para a mentira mas nunca deixa de ser mentira: mentir a si próprio; a mentirinha fantasiosa e caridosa (para não magoar); a dissimulação; a ocultação; a mentira por conta de outrem (a protecção dos filhos, dos amigos).
A ambivalência da vida humana leva a caber num mesmo indivíduo, o bem e o mal, a verdade e a mentira.
Sobre a mentira “sexual”, já citei diversas vezes o escritor brasileiro Nelson Rodrigues, que não era coxo, e tenho esta questão literária pendente nesta frase tragicómica: “Se todo o mundo falasse da vida íntima de todo o mundo ninguém falava com ninguém”.
No dia em que formos capazes de viver em verdade apenas já não seremos homens.
A verdade solene é para os santos.
Os homens são criaturas do errado.
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