Sessão “Viagem Interior”
Escrever em tempo real uma série de textos sobre a acção do Neurofeedback dentro de um cubo de nome In Between the Box.
Os textos serão feitos a partir de palavras-chave como ira, ciúme, amor, amizade, desejo, morte.
Cada sessão terá a duração de 20 minutos, que é o tempo da bateria do capacete.
Os textos serão mostrados ao público à medida que estão a ser feitos, numa espécie de escrita automática e as emoções que ocorrem na mente são projectadas (e posteriormente comentadas pelo neurocientista).
O barómetro de cores explica o que está a acontecer.
Os textos nascerão de memórias e do que passa pela mente em tempo real.
Esta “Viagem Interior” será inspirada parcialmente neste texto do mestre J. Rentes de Carvalho
Despimo-nos quando escrevemos. Banal ou não, cada frase é um momento de Striptease, um apelo, uma cedência, um desejo, um grito, por vezes um pedido de esmola, um anseio de carinho.
Pelos jornais passo os olhos, há muito enojado do conteúdo rasca – “Mamas e Cuecas de Cristina Ferreira”, pais violadores, mortos no contramão, idosa assaltada – e no Facebook não entro, o tempo que me sobra dos livros gasto-o, fascinado, na leitura ou na visita de blogues. Demorando nos favoritos, lendo aqui e ali criquices e futilidades, lamentos, choros escondidos, dor funda, poesia sem jeito, para de súbito topar com boa prosa e verdadeira ciência, um poema que alegra, um desabafo que comove.
Quando os anos findam aparecem dessas listas a classificar o melhor disto, o número um daquilo, já no passado as vi de autores de blogues que mutuamente trocavam elogios e galhardetes. Mas no meu parecer é hora de que um desses académicos que se esfalfam nas análises de Saussure, Barthes, Derrida e Baudrillard, se deite a estudar a blogosfera portuguesa. Cuidando, todavia, em deixar o trigo e o joio. Nada de escolhas, prémios ou separações, pois é a amálgama do bom, do sofrível, do mau, do ridículo e do péssimo que faz o encanto desta destravada barafunda em que, voluntariamente ou por descuido, mostramos muito do que somos, do que nos diverte e aflige. De facto um Striptease.
Apareçam no dia 13, às 18h na Biblioteca Municipal de Alcobaça.