A morte de Baptista-Bastos é um rombo nas falanges do Jornalismo, profissão onde pontuou como poucos, reconhecendo-lhe a escola preâmbulo da melhor literatura. Conheci-o aos 19 anos, na redacção do Diário de Notícias.
Veio dar-me um calduço quando soube pelo Óscar Mascarenhas ser neto do malogrado Vítor Garcia que conhecera no tempo da Voz, do Novidades e d’ O Século Ilustrado. Antes de chegarmos à fala, pude vê-lo atravessar o corredor de vidro onde assentavam praça os grandes colunistas.
Parecia um centauro de papillon. Elegante, espadaúdo, cortês e apressado, como um repórter que nunca desarma, a mesma imagem que lhe vira 50 anos antes o escritor brasileiro Fernando Sabino numa visita a Lisboa e deixara gravada numa terna crónica.
Anos mais tarde pedi-lhe que me apresentasse um livro, “A Casa do Mundo”, e dele recordo desde logo o texto redigido à mão, onde me elogiou (com exagero generoso) a mesma ternura brutamontes do seu amado Hemingway, mestre de ambos os ofícios. BB, sigla dourada como um Papa Hem, fazia de cada prosa uma tarefa de ourives, fosse para cascar a eito contra um canalha ou em louvor de um jovem por amadurecer em quem visse talento digno.
Dizia muitas vezes que a liberdade era muito difícil e os jornalistas de hoje estavam condenados às regras pulhas do capital. Tanas, badanas e sacanas vinham-lhe desaguar muito à pena, sempre justa e loquaz e impecável. É a memória que irei conservar e honrar. Não lhe pude dizer que o meu próximo livro, sobre a nossa amada Lisboa, lhe é dedicado. Farewell Companheiro!