Se é coisa apenas portuguesa ou universal não o posso avaliar mas por cá tendemos a subestimar o indivíduo notável.
Por exemplo, o RAP, apelidado por muitos de genial, logo vem um coro de detractores dizer que é pedante, preguiçoso, benfiquista, comuna… Eduardo Lourenço, pensador prosador ilustre, um copista, bronco, mal formado e overrated ao lado de Agostinho da Silva, António Vieira ou Leonardo Coimbra, dirão outros. Laginha ao piano, virtuoso, trabalhador incansável, atrás de um sonso, um falso modesto, um burguês.
É claro que raras vezes o homem e a obra se assemelham nas imaculadas virtudes. Ronaldo, o maior atleta português de todos os tempos, não passa de um bilionário bimbo madeirense, tal como não se pode tirar a saloia Cristina Ferreira da parolice da Malveira ou a J. Lo do Bronx.
Agradar à plebe e às elites é inviável num mundo dual tomado pelas dores de corno. Nem o Buda, JC ou Maomé fizeram o pleno da aclamação. Somos todos reféns das apostasias do gosto.
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