A grandeza não está nos pergaminhos, nos actos assumidos, na assunção da vaidade.
Os grandes, os eleitos (por voto chamemos-lhe divino), os escolhidos, os iniciados, os Cristos, os Budas, não se auto elegem, auto promovem, auto brindam e auto galvanizam, como pode ser a escrita ou qualquer arte publicada.
Ao virmos aqui perorar sobre o tema A a Z, ao validarmos com a expectativa da aprovação dos amigos (e sensíveis ao apodo ou ao apito) ou ao acharmos a sapiência do texto revisto uma cortesia da inteligência podemos não estar a passar mais do que uma ideia de charlatanismo.
Será a pureza apenas possível no insulto avacalhado ou na mensagem imediata do sentimento porventura narcísico? Ao beber, acontece o inexplicável (agora, por exemplo, há meio jarro de Raposeira a borbulhar neste escrito como no sangue e nos queixumes serôdios do fígado). Acredito na escrita automática tanto quanto ela me dá de inocente e aparvalhada.
Ao mesmo tempo, se toda a criação humana e para-humana fosse resultado de impulsos estaríamos mais depressa em construção ou destruídos?
Sócrates bebeu voluntariamente a cicuta como foi sabendo do preço que todos cometemos adultérios e crimes. Ainda que o amor não acabe, doído pela gravidade da confiança sofrida, nunca mais será como antes, como no tempo de todas as coisas possíveis, podendo no entanto e por paradoxo ser muito mais Amor, muito mais próximo do divino onde apenas cabe a compaixão.