Haverá por estes dias muitos casais (de papel, filhos e de contas) confinados a uma realidade inesperada. Casais de faz de conta, presos a outras crises, com os seus respetivos amantes noutros confinamentos, a quem endereçam missivas desesperadas.
Enquanto isso, porque a fome de ternura e desejo é como uma enxurrada, abraçam no seu desespero o ente encornado. Alguns talvez redescubram os porquês de estarem juntos e, na dor, na angústia, na incógnita de se verem subitamente outra vez cara a cara, corpo a corpo, voltem a equacionar a demanda do tempo perdido e o perdão de todos os pecados não originais.
Talvez nasçam filhos para cobrir o morticínio e a demografia se equilibre, como a Natureza depois do terremoto, do tsunami, do fogo e da tempestade.
Onde houver amor, Amor sobrará.