Uma advertência: esta junta autónoma de tópicos apenas pretende deixar a terreiro um par de ideias anti-tésicas sobre o negócio dos livros e outros que tais.
Quem vende online (livros ou pentelhos ou livros-pentelhos) fá-lo, no caso dos livros, para contornar uma realidade muitas vezes usurária chamada negócio editorial.
Uma editora de peso terá o peso e (as medidas) para levar o objecto-livro mais além, e não é de somenos o trabalho (e o investimento) com um autor, correndo e pagando esta os riscos, e sem a certeza de que por melhor o autor e a obra não redunde num fiasco de vendas. Estamos no território da venda e da compra, e há-que saber vender e saber o que se está a comprar.
O autor que vende os seus objectos online (como o fazem grandes artistas, basta ver os músicos de jazz nacionais cujo trabalho de outro modo mal chegaria aos ouvintes, à falta de meios de divulgação) fá-lo porque lhe é lícito, e porque assim precisa, pois nem às costas da Imprensa lhe é garantido o êxito comercial. Podia dizer de outra maneira sem asneira: porque só assim lhe é garantido o suficiente para continuar a desenvolver o seu trabalho.
Só uma mentalidade pequeno burguesa achará menor, rasca, reles, o autor utilizar as plataformas ao seu dispor, seja o FB ou os bancos de jardim, para fazer o seu comércio livre. Nisto, do comércio, que a todos assiste, em maior ou menor grau de ambição e necessidade, não há como apodar de reles, rasca ou menor, o autor que se predispõe a vender o seu trabalho, simplesmente porque é a única coisa que tem para vender, donde, para se alimentar, e assim continuar o seu trabalho. Balzac antes de ser o personagem anafado e burguês e best-seller foi um anónimo escanzelado. Torga, o professor de temperamento difícil, editava e vendia os seus livros sem dar comissão ou avença a outrém.
O Editor, a Editora, não é uma entidade carniceira só porque sim. Acontece que se a prática instalada de comissionar anda entre os 7 e os 12% do valor total do livro (o PVP), o autor é quem menos ordena. Donde, é-lhe lícito seguir as regras do mercado livre e negociar melhores condições para si. Pode ainda acontecer, como é meu caso recente, ter um livro diferente, digamos assim, de edição limitada, em capa dura e ilustrado, e de conteúdos menos comerciais, digamos assim, e optar por chegar a vós, os meus leitores do mundo virtual, incitando à compra deste objecto singular. Compra quem quer, mas ao menos digne-se a ler para poder comentar.
Por falar nisso, vai um livro?